quarta-feira, 8 de julho de 2015

A cabrocha, o luar e o violão!

Só tenho quarenta e três anos de idade
Mas, minha vida, fala de muitas coisas
Perdas e alegrias, mais perdas que alegrias
Vejo a vida de uma triste forma, cheio de guizos falsos
Que mais parecem risos falsos da alegria
Que não teve muitas coisas comuns, mas estranhos festivais
Onde as ilusões se foram, e perdidas, às palmas febris se foram
A lua furou tudo e, mesmo que salpicando nosso chão
Jamais iluminou nossa vida, jamais nos trouxe tudo
Onde o tudo é, a cabrocha, o luar e o violão!

Chão de Estrelas

Silvio Caldas

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros, distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão

Composição: Sílvio Caldas / Orestes Barbosa

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