segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Meu sertão!

Meu sertão, meu sertão, agora de outrora
Padece sempre de tão covarde calor
Ferve até as moleiras do teu nobre morador
Que de tanto ver a seca matar sem piedade 
Que de tanto ver o sertão sofrer sentindo dor
Hoje, chora ao ver o céu chorar de novo
Hoje, ver a chuva forte cair sem parar
Parece até que embala seus sonhos mais perdidos 

Posso até dizer sem medo
Chove chuva, chove sem parar
Alaga tudo, alaga chuva, alaga mesmo
Sem matar e sem morrer
Só agora eu vejo tudo de bom que podes me dar
Alaga até os corações febris de tanto calor
Calor que só existe agora, e que aquece nessa hora
Aquele calor que está trancado lá dentro do peito
Onde bate bem alto o coração ferido que até saltas
Que salta sim, que até braveja de tanto bater
Posso até escutar teu pulsar de tanta esperança 

Chuuuuuuu...., chuuuuuuuuuuuuuu...!
Que chuva boa, que chuva louca
Não escuto os sabiás, nem mesmo os assuns pretos
Não escuto os Bem-te-vis nos singelos manguesais
Que cantam seu amor até pela seca do nosso amado sertão 
E se não os escuto agora, é por melodias novas, vou ouvir
Mais tarde, seu cantar é diferente e bem mais alto ...,
E nesse momento me faltam palavras
Para descrever esse tão breve e lindo cantar

Agora, encerro dizendo em alto e bom tom
Chove chuva, chove sem parar 
O sertão precisa dessa água, não só para beber 
Não só para plantar ou banhar
O sertão precisa dessa chuva de meu DEUS
Para ver o seu sertanejo chorar de felicidade 
Chorar porque vai ver o peixe e a carne seca
Porque vai ver o verde e o trabalho que tens
Porque vai ver, que de esmola ele não precisa 

Cai chuva, cai sem parar, afasta de mim essas bolsas 
Essas bolsas de esmola, que mais parecem uns cálices
Cálices de fel de dor e de medo, ao ver secar os potes desse maldito governar
Caia chuva, caia mesmo, caia sem parar!

Albino Oliveira Filho

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