Em cima de meu altar onde rezo e oro
Vejo o quão ele é bonito e muito antigo
Parece ser dono do tempo, o vendo passar
Ele vela três gerações, desde minha vó
Antigamente via minha vó rezando na sala
Lá onde ele ficava, era uma grande companhia para ela
Minha vó sempre bradava olhando pra ele
“ JÁ É MEIDIM IM E A BARRIGA NÃO MELHORA”
Afirmando que já era meio dia e estava com fome.
Grande vó eu tive, era mesmo uma grande mulher
Mas, voltando ao relógio que conta o tempo de minha família
Vejo que ele ainda continua firme e forte
Mesmo já envelhecido com o tempo
Sei que se cuidarem dele quando eu me for
Ele irá contar muito tempo ainda
Ainda vai ser testemunha de muitas coisas
Desde às alegrias de chegada até às tristes partidas
Ele não bate mais nas horas, acho que não quer mais
Mais de quarto em quarto de hora sonora uma musiquinha
Uma coisa interessante lhes conto agora
Parece que não escuto mais a música do toque
Só escuto quando paro para ver se está tocando mesmo
Engraçado, a música dele é silenciosa aos meus ouvidos
Não sei explicar, nem consigo entender a importância dele
Ele lá na parede, uma testemunha ocular de tudo de minha vida
E eu não o escuto mais como deveria…
Tenho que dá mais importância ao relógio e ao tempo
Ao relógio porque um dia não estarei mais aqui para contempla-lo
Ao tempo porque depois de meio século, acho que não me resta mais muito tempo!
Albino Oliveira
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