segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Meu sertão!

Meu sertão, meu sertão, agora de outrora
Padece sempre com tão covarde calor
Ferve até as moleiras do teu nobre morador
Que de tanto ver a seca matar sem piedade
Que de tanto ver o sertão sofrer sentindo dor
Hoje, chora ao ver o céu chorar de novo
Ao ver a chuva forte cair, cair, cair...
Parece até que embala seus sonhos mais perdidos

Posso até dizer sem medo
Chove chuva, chove sem parar...
Alaga tudo, alaga chuva, alaga mesmo
Sem matar é claro mas, que chova sem parar

Só agora eu vejo tudo de bom que podes me dar
Alegre os corações febris de tanto calor
Aquele calor que está trancado lá dentro do peito
Que salta sim, que até braveja de tanto bater
Posso até escutar teu pulsar de tanta esperança

Chuuuuuuuvaaaa..., chuuuuuuuuuuuuuuvaaaa...!
Que chuva boa, que chuva louca
Não escuto os sabiás, nem mesmo os assuns pretos
Não escuto os Bem-te-vis nos singelos manguesais
Que cantam seu amor até pela seca do nosso sertão
E se não os escuto agora, é por que melodias novas eu vou ouvir
Mais tarde, seu cantar é diferente é mais alto e vibrante que tudo....,
E nesse momento me faltam palavras
Para descrever esse tão simples cantar

Digo agora em alto e bom tom:
-...Chove chuva, chove sem parar...

O sertão precisa dessa água, não só para beber
Não só para plantar ou banhar
O sertão precisa dessa chuva de meu DEUS
Para ver o seu sertanejo chorar de felicidade
Chorar porque vai ver o peixe e a carne seca
Porque vai ver o verde e o trabalho que tens a oferecer
Porque vai ver, que de esmola, ele não precisa

Caia chuva, caia sem parar, afasta de mim essas bolsas
Essas bolsas de esmola, que mais parecem um cálice
Cálice de fel, de dor e  de medo, ao ver secar os potes desse maldito governar
Caia chuva, caia mesmo, caia sem parar
Ou melhor, caia até os açudes sangragrem!

Albino Oliveira Filho

Nenhum comentário:

Postar um comentário